sexta-feira, março 17, 2006

A Organização da Entidade promotora da Modalidade

1. A integração da Comissão de Enduro (não seria mais apropriado chamar-se comissão de todo-o-tereno, pois este engloba o Enduro e não o contrário) na Federação Nacional de Motociclismo é benéfico para o desenvolvimento das modalidades (Enduro, Todo-o-Terreno e Cross Country)?
2. O actual modelo de organização do Todo-o-Terreno promovem a modalidade ?

No que respeita à primeira questão, penso que a inclusão da Comissão de Enduro numa federação que engloba além desta, outras vertentes do motociclismo (motocross, Velocidade, Trial, concentações(???)), só lhe é prejudicial, pois apesar dos esforços desenvolvidos e do número de praticantes, o Todo-oTerreno é a modalidade com menos visibilidade, devido às suas características, traduzindo-se em pouco retorno publicitário. Daí que a sua expressão dentro da federação seja reduzida e os meios disponibilizados para esta sejam insuficientes para delinear estratégias que desenvolvam a modalidade de acordo com o potencial que tem.
Sou apologista da criação da Federação Portuguesa de Todo o Terreno, que englobaria 5 Associações de Todo-o-Terreno (Norte, Centro, Sul, Madeira e Açores).
Há inúmeros jovens com vontade de participar em provas de todo o terreno, a prova disso, são as várias corridas piratas que se realizam por todo o país e com elevado número de participantes. Porque é que participam nessas corridas, com organizações, que muitas vezes, colocam em risco a integridade física dos pilotos, em vez de participarem nos campeonatos nacionais?
A razão é só uma, por factores económicos. As várias modalidades do motociclismo são caras pois à partida o praticante terá que adquirir uma moto, meter gasolina (que está bastante cara) e comprar o equipamento que lhe garanta o mínimo de segurança (igualmente caro). Este factor impede que qualquer um pratique a modalidade. Se a estes custos lhe somarmos despesas com Licença desportiva, deslocações e alimentação, a modalidade passa a ser acessível a uma pequena percentagem da população.Para o engrandecimento da modalidade, tem que haver um esforço para que esta seja acessível a um maior número de praticantes, para que tal aconteça, é imperativo que a sua prática seja menos dispendiosa. A criação de campeonatos regionais de cross-country, de rampas, subidas impossíveis, etc, seria uma forma de permitir aos jovens praticantes participar em competições com reduzidos custos. Desta forma, teriam a oportunidade de mostrar o seu valor e conseguir patrocínios que lhes permitam em anos futuros participar nos Campeonatos Nacionais. Assim aumentava-se o número de participantes e melhorava-se a qualidade dos pilotos.
A formação de Associações Regionais levaria também à descentralização da gestão em termos organizativos, desportivos e formativos e à rentabilização de recursos. Essas entidades ficariam responsáveis não só pela organização dos campeonatos regionais mas teriam um papel muito importante na formação de pilotos e oficiais de prova. Durante o ano, promoveriam cursos de formação de oficiais de prova e recorrendo ao "know how" dos pilotos da região (os que ainda estão em actividade e os que pelo seu passado desportivo poderão contribuir para o enriquecimento dos jovens).
Contribuam. Deixem ficar um comentário no espaço reservado para o efeito.
Obrigado.

12 comentários:

Anónimo disse...

Companheiro,

a questão das Federações regionais, com campeonatos regionais, não é nada que não se tenha já pensado. Ainda há oito dias falei com o secretário geral da fnm sobre esse assunto, relativamente ao cross country. No entanto, há algumas considerações a ter em conta.
Na tua reflexão, falas dos factores económicos como castradores do crescimento da modalidade. É certo.
No entanto, para além das federações e campeonatos regionais que se realizam nos açores (desconheço a situação da madeira, mas sei que as restrições ambientais são muito fortes), surgiram muito graças aos apoios governamentais locais, que não existem no continente.
São poucas as pessoas com vontade/coragem para se agrupar em associações. O parco número de clubes candidatos a fazer provas é disso reflexo. Sobraram DUAS organizações no Enduro e uma no TT (o clube aventura que ficou de fora com o Vodafone).
Tomemos o caso do cross country como exemplo. É um campeonato criado para ter baixos custos. Inscrições que rondam os 25 euros e cujas provas ainda atribuem dinheiro em prémios aos primeiros classificados. Se quisermos fazer um campeonato regional de cross country, para além de termos poucas organizações do sul do país (apesar de isso ser discutível e, talvez, facilmente contornável), és obrigado a ter um seguro de prova (o preço é o mesmo de uma do nacional); tens de pagar uma taxa à federação (idem); se baixas ainda mais as inscrições para, digamos, 20 euros, tens as provas todas a dar prejuízo. E depois, és obrigado a requerer licença de prova aos concorrentes porque só assim têm acesso aos seguros em caso de queda. E esse valor que se paga de licença é, basicamente, o valor da apólice de seguro desportivo. Logo, inalterável.

PS: a comissão chama-se de Enduro/TT. São duas variantes da mesma modalidade, assim como o MX/SX e Trial. Juntaram-se por razões políticas e, um pouco, operativas. Estão incluídas na federação das concentrações e da velocidade porque asism o número de praticantes é exponencialmente superior o que aumenta a capacidade reivindicativa junto das autoridades e o valor dos subsídios governamentais.
Mas é claro que ajuda a dispersar atenções. No entanto, n me parece que uma federação autónoma fosse resultar melhor.
Abraço

Fábio F. disse...

mas tzr, muitas vezes as pessoas não correm porque simplesmente as provas são longe (muito longe se formos do Algarve) e bastava as provas serem mais perto para se poupar nas deslocações e até em dormidas, pois embora no Xc as provas sejam de apenas um dia, se formos de longe torna-se excessivamente cansativo andarmos 500Km de carro, fazer a corrida e voltar a andar mais 500Km. eu sou um ávido defensor dos campeonatos regionais. por isso acho que os preços das provas poderse-iam manter, mas bastava mudar as localizações para o numero de participantes aumentar.

Anónimo disse...

Estás a inverter o problema. A questão passa pela falta de organizações candidatas.
Vê as provas do Cross Country. Rio Maior, Gondomar, Paços de Ferreira, Minjoelho... De fora ficou Góis e Guimarães. Estes eram os candidatos. Agora diz-me. Tirando Rio Maior, onde estão as provas do sul. Alentejo e Algarve não tiveram um único candidato.
Só para fazer raides. Aí tens o problema inverso. O ppl do norte só tem gois e mortágua (que são no centro do país).
Por isso é que vês que grande parte dos pilotos do enduro são do norte e centro (tb devido às características morfológicas do terreno). Nas listas de inscritos dos raides, grande parte são do alentejo e algarve.

Ou seja, se não tens organizações candidatas a fazer as provas, é difícil dispersar o calendário.

vma disse...

TZR,
A questão de não haver clubes interessados na organização de provas, é uma falsa questão pois, como sabes de norte a sul do país abundam provas de resistência piratas (cujo formato se assemelha ao do xc). O problema é que,nos moldes actuais, só é permitida a organização de provas aos Clubes. Clubes esses que na sua maioria estão vocacionados para o mototurismo. Ao criarmos Associações Regionais, estas poderão formar oficiais, delegados e organizadores de provas que posteriormente, com a supervisão da respectiva Associação Regional organizarão as provas constantes nesse campeonato. Quanto à variedade motivacional em função das áreas geográficas, cada associação teria autonomia para organizarem o tipo de provas em função da preferência dos pilotos da região. Por exemplo: na zona sul o campeonato seria composto maioritariamente raides enquanto que no centro e norte seriam maioritariamente xc, rampas e subidas impossíveis ( numa primeira fase, enduros não, devidos às grandes exigências em termos de organização)

Anónimo disse...

Parabens pelo blog.
A discussão é importante é pena que os principais inteeressados nunca participem nelas.
Continuem

Anónimo disse...

O JPinto tem razão os craques da elite quando as coisas não lhes correm bem fazem muito barulho e boicotam corridas mas quando se trata de discutir problemas serios ninguem os ouve.

vma disse...

Vou fazer uma pausa na discusssão, para dar os parabéns ao Helder pelo Resultado alcançado na Suécia.
A discussão segue dentro de momentos...

vma disse...

Penso que os pilotos "mais conceituados" tem este tipo de discussão mas aoutro nível, ou seja, directamente com a comissão de Enduro. No entanto concordo que a participação deles nestas discussões públicas seria um mais valia.

Anónimo disse...

quando vi anunciada no foz motor a descrição deste blog e constatei que tinha sido lido por noventa vezes, reacendeu a esperança que havia gente interessada em modificar a mediocre situação em que se encontra o off-road em Portugal. Quando acedi ao blog e vi os poucos comentários feitos, confirmei o que já tinha descoberto há muito: o nível cultural da maioria dos praticantes da modalidade é baixo, e como tal os seus interesses na net resumem-se ao download de fotos e comentário destrutivos.
Para os pilotos consagrados a situação é lhes favorável pois havendo poucos pilotos de qualidade o acesso a patrocínios é mais fácil. Para os orgãos directivos da federação alterar a acual conjuntura também não é benéfico pois tem interesses económicos a defender.
Não quero de forma alguma destruir os nobres motivos que o movem mas infelizmente parece-me que está a remar contra a maré.
Espero estar enganado.
Com os melhores cumprimentos

vma disse...

Caro P. Cardoso,
Claro que gostaria de abrir o blog e deparar com 30 ou 40 comentário, infelizmente só tenho 9, mas apesar de poucos a qualidade dos conteúdos incentivam-me a continuar. Tenho esperança, que os verdadeiros amantes da modalidade comecem a participar no debate de ideias.Para isso, conto com a sua colaboração quer através da colocação de comentário quer incentivando outros a fazê-lo.

Anónimo disse...

Vasco,

piratas vais ter sempre. Mas, quem as faz, não quer realizar provas federadas. É que a responsabilidade é muito maior. E depois, com as piratas, a probabilidade de ganhares dinheiro é muito maior. Não tens as despesas com os seguros, com a segurança, com a Federação, etc. Com as Federações regionais, essas despesas teriam de existir. Logo, o problema mantinha-se.
Mas olha que eu acho que é uma boa ideia. Porque, do meu ponto de vista, o problema de fundo é uma questão de mentalidade. Enquanto não se alterar a mentalidade irresponsável de desenrascar uma provazinha às três pancadas para sacar algum guito àqueles tipos que só andam ao fim-de-semana e não querem, por uma série de razões, fazer corridas com os federados, não vamos conseguir evoluir muito mais.

Ou seja, no caso de criação de associações regionais, a questão das despesas mantém-se e, a meu ver, é isso que afasta potenciais organizadores de provas federadas.

Fábio F. disse...

tzr, eu acho que nessas provas piratas o pessoal dos fins de semana nem corre pelo dinheiro, porque se formos a ver normalmentne é um piloto federado que acaba por as ganhar. eu acho que os pilotos de fim de semana vão as provas pela diversão e convivio, e por isso nos campeonatos regionais, podiam haver prémios simbólicos que esse pessoal aparecia na mesma, claro que a inscrição tinha de ser barata, e se houvesse um seguro (licença) o pessoal até se sentiria mais a vontade e com segurança nas provas.
eu penso que esta seria uma forma barata e simples de correr e que as pessoas iam aderir, claro que os pilotos federados que vãos as provas piratas buscar dinheiro não iam aparecer. ficavam os amadores que vão as provas para se divertir e evoluir